Mergulhando no Estudo do Evangelho de Mateus - Cap 09 - Poder, Autoridade e Compaixão
- Pink Table
- 2 de jul. de 2024
- 7 min de leitura
Atualizado: 21 de ago. de 2024

Hoje estaremos mergulhando no Estudo do Evangelho de Mateus em seu capítulo 9, que nos apresenta uma série de milagres realizados por Jesus, bem como ensinamentos e interações com diferentes grupos de pessoas. Este capítulo demonstra o poder e a autoridade de Jesus sobre a doença, a morte, o pecado e as forças espirituais. Vamos explorar cada seção do capítulo com detalhes teológicos e contextuais.
1. A Cura do Paralítico (9:1-8)
1 E, entrando no barco, passou para o outro lado, e chegou à sua cidade. E eis que lhe trouxeram um paralítico, deitado numa cama.
2 E Jesus, vendo a fé deles, disse ao paralítico: Filho, tem bom ânimo, perdoados te são os teus pecados.
3 E eis que alguns dos escribas diziam entre si: Ele blasfema.
4 Mas Jesus, conhecendo os seus pensamentos, disse: Por que pensais mal em vossos corações?
5 Pois, qual é mais fácil? dizer: Perdoados te são os teus pecados; ou dizer: Levanta-te e anda?
6 Ora, para que saibais que o Filho do homem tem na terra autoridade para perdoar pecados (disse então ao paralítico): Levanta-te, toma a tua cama, e vai para tua casa.
7 E, levantando-se, foi para sua casa.
8 E a multidão, vendo isto, maravilhou-se, e glorificou a Deus, que dera tal poder aos homens.
Perdão dos Pecados: Jesus não apenas cura fisicamente, mas também espiritualmente, perdoando os pecados do paralítico. Este ato afirma a divindade de Jesus, pois somente Deus pode perdoar pecados (Isaías 43:25).
Autoridade do Filho do Homem: O título "Filho do Homem" é uma referência messiânica encontrada em Daniel 7:13-14. Jesus reivindica essa autoridade, demonstrando seu poder sobre o pecado e a doença.
Reação dos Escribas e da Multidão: Os escribas acusam Jesus de blasfêmia, mas a multidão glorifica a Deus. Esta reação mista é típica das interações de Jesus com diferentes grupos. Muitos os Escribas e Fariseus tinham seus corações endurecidos e cauterizados pelo pecado da corrupção, da hipocrisia e da religiosidade, que não conseguiram reconhecer que estavam diante do Messias prometido.
2. A Chamada de Mateus e o Banquete na Casa de Mateus (9:9-13)
9 E Jesus, passando adiante dali, viu assentado na alfândega um homem, chamado Mateus, e disse-lhe: Segue-me. E ele, levantando-se, o seguiu.
10 E aconteceu que, estando ele em casa sentado à mesa, chegaram muitos publicanos e pecadores, e sentaram-se juntamente com Jesus e seus discípulos.
11 E os fariseus, vendo isto, disseram aos seus discípulos: Por que come o vosso Mestre com os publicanos e pecadores?
12 Jesus, porém, ouvindo, disse-lhes: Não necessitam de médico os sãos, mas, sim, os doentes.
13 Ide, porém, e aprendei o que significa: Misericórdia quero, e não sacrifício. Porque eu não vim a chamar os justos, mas os pecadores, ao arrependimento.
Chamada de Mateus: A escolha de um coletor de impostos (considerado um traidor e pecador) como discípulo mostra a abrangência do chamado de Jesus. Ele vem para chamar aqueles que são desprezados pela sociedade, mas que estão dispostos a serem transformados por Ele.
Misericórdia e Não Sacrifício: Jesus cita Oséias 6:6, enfatizando que Deus valoriza a misericórdia sobre os rituais externos. Este é um tema recorrente nos profetas do Antigo Testamento (Amós 5:21-24; Miquéias 6:6-8).
3. O Jejum e o Vinho Novo em Odres Velhos (9:14-17)
14 Então, chegaram ao pé dele os discípulos de João, dizendo: Por que jejuamos nós e os fariseus muitas vezes, e os teus discípulos não jejuam?
15 E disse-lhes Jesus: Podem porventura andar tristes os filhos das bodas, enquanto o esposo está com eles? Dias, porém, virão, em que lhes será tirado o esposo, e então jejuarão.
16 Ninguém deita remendo de pano novo em roupa velha, porque semelhante remendo rompe a roupa, e faz-se maior a rotura.
17 Nem se deita vinho novo em odres velhos; aliás rompem-se os odres, e entorna-se o vinho, e os odres estragam-se; mas deita-se vinho novo em odres novos, e assim ambos se conservam.
Esposo e Jejum: Jesus se identifica como o "esposo", uma imagem nupcial que remonta aos profetas, onde Deus é o esposo de Israel (Isaías 54:5; Oséias 2:19-20). Fica claro que Jesus esperava que seus discípulos jejuassem após a sua ascensão aos céus, mas que enquanto Ele, o noivo, estivesse presente, não era necessário. Isso reforça que o jejum é uma prática cristã, que os discípulos passaram a fazer em momento oportuno e nós também devemos, até que Ele volte e estejamos juntos dele.
Vinho Novo em Odres Novos: Esta metáfora aponta para a nova aliança que Jesus traz. A mensagem de Jesus não pode ser contida pelas antigas estruturas do judaísmo legalista.
4. A Cura da Mulher com Fluxo de Sangue e a Ressurreição da Filha de Jairo (9:18-26)
18 Dizendo-lhes ele estas coisas, eis que chegou um chefe, e o adorou, dizendo: Minha filha faleceu agora mesmo; mas vem, impõe-lhe a tua mão, e ela viverá.
19 E Jesus, levantando-se, seguiu-o, ele e os seus discípulos.
20 E eis que uma mulher que havia já doze anos padecia de um fluxo de sangue, chegando por detrás dele, tocou a orla de sua roupa;
21 Porque dizia consigo: Se eu tão-somente tocar a sua roupa, ficarei sã.
22 E Jesus, voltando-se, e vendo-a, disse: Tem ânimo, filha, a tua fé te salvou. E imediatamente a mulher ficou sã.
23 E Jesus, chegando à casa daquele chefe, e vendo os instrumentistas, e o povo em alvoroço,
24 Disse-lhes: Retirai-vos, que a menina não está morta, mas dorme. E riam-se dele.
25 E, logo que o povo foi posto fora, entrou Jesus, e pegou-lhe na mão, e a menina levantou-se.
26 E espalhou-se aquela notícia por todo aquele país.
Fé e Cura: A cura da mulher e a ressurreição da filha de Jairo destacam a importância da fé. A mulher acreditava que apenas tocar a roupa de Jesus a curaria, e Jairo confiava que Jesus poderia ressuscitar sua filha. No entanto, a mulher desperta uma ação sobrenatural em Jesus, a sua fé era tão grande quanto a sua humildade de se considerar impura, que ela não ousou pedir, mas ao tocar-lhe, Jesus sentiu PODER sair dele. Note que Ele não precisou autorizar, o poder simplesmente saiu. Isso me leva a crer que há um nível de fé e um modo de tocar Jesus que libera poder sobre qualquer coisa que pedirmos. Que possamos alcançar esse nível.
Impureza Cerimonial: Segundo a lei judaica, tanto a mulher com fluxo de sangue (Levítico 15:25-27) quanto o contato com um cadáver (Números 19:11) tornavam uma pessoa cerimonialmente impura. Jesus, ao curar a mulher e tocar a menina morta, desafia e transcende essas leis de pureza.
5. A Cura dos Dois Cegos e do Mudo Endemoninhado (9:27-34)
27 E, partindo Jesus dali, seguiram-no dois cegos, clamando, e dizendo: Tem compaixão de nós, filho de Davi.
28 E, quando chegou à casa, os cegos se aproximaram dele; e Jesus disse-lhes: Credes vós que eu possa fazer isto? Disseram-lhe eles: Sim, Senhor.
29 Tocou então os olhos deles, dizendo: Seja-vos feito segundo a vossa fé.
30 E os olhos se lhes abriram. E Jesus ameaçou-os, dizendo: Olhai que ninguém o saiba.
31 Mas, tendo eles saído, divulgaram a sua fama por toda aquela terra.
32 E, havendo-se eles retirado, trouxeram-lhe um homem mudo e endemoninhado.
33 E, expulso o demônio, falou o mudo; e a multidão se maravilhou, dizendo: Nunca tal se viu em Israel.
34 Mas os fariseus diziam: Ele expulsa os demônios pelo príncipe dos demônios.
Filho de Davi: O título "Filho de Davi" é messiânico e reconhece Jesus como o prometido rei da linhagem de Davi (2 Samuel 7:12-16; Isaías 9:7).
Fé e Cura: Novamente, a fé é destacada como essencial para a cura. Os cegos acreditam no poder de Jesus e são curados.
Acusação dos Fariseus: Os fariseus atribuem os milagres de Jesus ao poder de Belzebu, mostrando sua incredulidade e oposição persistente.
6. A Compaixão de Jesus pelas Multidões (9:35-38)
35 E percorria Jesus todas as cidades e aldeias, ensinando nas sinagogas deles, e pregando o evangelho do reino, e curando todas as enfermidades e moléstias entre o povo.
36 E, vendo as multidões, teve grande compaixão delas, porque andavam cansadas e desgarradas, como ovelhas que não têm pastor.
37 Então, disse aos seus discípulos: A seara é realmente grande, mas poucos os ceifeiros.
38 Rogai, pois, ao Senhor da seara, que mande ceifeiros para a sua seara.
Compaixão de Jesus: A descrição de Jesus tendo compaixão das multidões “desgarradas e errantes” como ovelhas sem pastor (Números 27:17; 1 Reis 22:17; Ezequiel 34:5-6) reflete seu papel de Bom Pastor, que cuida e guia seu povo.
A Seara e os Ceifeiros: Jesus usa a metáfora agrícola da colheita para ilustrar a necessidade de trabalhadores no Reino de Deus. Ele instrui seus discípulos a orarem por mais trabalhadores, destacando a importância da missão e da evangelização (João 4:35-38). Estamos nós dispostos a sermos esses trabalhadores?
Considerações Culturais e Históricas
Cultura Judaica: A lei de pureza judaica desempenha um papel significativo no contexto das curas, especialmente no caso da mulher com fluxo de sangue e do toque em um cadáver. A ação de Jesus mostra que sua missão transcende as tradições judaicas.
Doutrinas Judaicas: A interpretação da lei mosaica pelos fariseus e escribas frequentemente entra em conflito com os ensinamentos de Jesus, que enfatiza a misericórdia, a fé e a verdadeira justiça.
Cultura Romana: A ocupação romana de Israel durante este período influencia as interações sociais e políticas. A menção dos publicanos (coletores de impostos) como pecadores reflete a impopularidade e a percepção de traição associada a eles, já que eram judeus que trabalhavam para os romanos.
Referências Bíblicas: Jesus frequentemente usa referências do Antigo Testamento para validar suas ações e ensinamentos, conectando-se à tradição profética e revelando-se como o cumprimento das promessas messiânicas.
Ao concluir este capítulo, é evidente que a autoridade de Jesus é uma autoridade divina, que não só confronta as estruturas religiosas e sociais da época, mas também oferece uma nova esperança e direção para aqueles que o seguem. Ele desafia seus seguidores a viverem uma fé ativa e a se engajarem na obra do Reino de Deus, evidenciando que o chamado de Deus é inclusivo e misericordioso, alcançando até os mais marginalizados da sociedade.
Este capítulo, portanto, é um testemunho da abrangente missão de Jesus e da resposta variada das pessoas a essa missão — desde a fé simples dos necessitados até a oposição dos líderes religiosos. A mensagem central é clara: Jesus é o Messias prometido, com poder sobre todas as coisas, chamando seus seguidores a uma vida de fé, obediência e serviço.
Espero que você tenha gostado do estudo de hoje, Spark! Nos vemos no próximo post.
Fique na Paz do Senhor,
Um beijo e um Cheiro. 😘