O maior e mais famoso dos sermões de Jesus, as palavras mais repetidas, lembradas e refletidas na história da humanidade depois de Cristo.
Hoje vamos estudar e mergulhar no Sermão da Montanha.
Já se preparou, Spark? 🔥 Bíblia, caneta e marca textos na mão. Então vamos lá.
CONTEXTO HISTÓRICO, GEOGRÁFICO E CULTURAL:
O Monte das Bem-Aventuranças, situado entre Tabgha e Cafarnaum, é tradicionalmente associado ao Sermão da Montanha de Jesus. No local, encontra-se uma igreja octogonal construída em 1938, com belos mosaicos representando virtudes. Acredita-se que Jesus tenha pregado aos seus seguidores na parte inferior do monte, que forma um anfiteatro natural com vista para o Mar da Galileia. A área também é conhecida por sua boa acústica e pela vista panorâmica da fértil Planície de Genezaré, do Monte Tabor e do Monte Hermon.
Não tem outro jeito de mergulharmos nesse capítulo 05 do Evangelho de Mateus sem dissecarmos versículo a versículo. Portanto é o que vamos fazer.
A região da Galileia, onde Jesus estava, era uma área culturalmente diversa, com uma mistura de judeus e gentios. Isso influenciou a forma como Jesus ensinava e como as pessoas o recebiam.
Jesus começa o sermão com as bem-aventuranças, que desafiam as ideias tradicionais de felicidade e sucesso. Ele ensina sobre humildade, misericórdia, pureza de coração e busca pela justiça, princípios que iam contra a mentalidade dominante da época.
Jesus também aborda temas como a importância da lei e dos profetas, a necessidade de uma justiça que exceda a dos escribas e fariseus, e a importância de reconciliar-se com os outros.
1 E Jesus, vendo a multidão, subiu a um monte, e, assentando-se, aproximaram-se dele os seus discípulos;
2 E, abrindo a sua boca, os ensinava, dizendo:
3 Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus;
A palavra "pobre" neste trecho vem do termo grego "πτωχοί" (ptōchoi), que se refere a alguém que se agacha e se encolhe, portanto é literalmente pobre, sem recursos materiais. No entanto, a expressão "pobres de espírito" é uma metáfora que não se refere à pobreza material, mas sim a uma atitude de humildade, de ALGUÉM QUE SE CURVA NA DEPENDÊNCIA DE DEUS. Essa expressão enfatiza a disposição de reconhecer a nossa insuficiência humana diante de Deus e a necessidade de sua graça e orientação. A promessa de que "deles é o reino dos céus" sugere que aqueles que têm essa atitude são abençoados com a presença e o domínio de Deus em suas vidas, além da promessa de estrar no Reino Eterno.
4 Bem-aventurados os que choram, porque eles serão consolados;
5 Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra;
6 Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos;
7 Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia;
8 Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus;
9 Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus;
10 Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus;
Jesus sabia que precisaríamos ser fortes, resistentes e persistentes diante das aflições e injustiças desse mundo. As maravilhosas promessas são um balsamo para a nossa alma e tornam-se o nosso alvo, para onde temos que manter os olhos fixos.
Neste mundo teremos muitas dificuldades, inclusive seremos perseguidos por causa da justiça e do evangelho, mas se mantermos o nosso coração limpo (buscando sempre pela santificação), a nossa fome por justiça, nossa mansidão e a nossa natureza pacificadora, poderemos usufruir do Reino dos Céus e tudo o que nele há.
11 Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós por minha causa.
12 Exultai e alegrai-vos, porque é grande o vosso galardão nos céus; porque assim perseguiram os profetas que foram antes de vós.
Perceba que Jesus diz "quando" e não "se" formos perseguidos e injuriados. Isso é uma profecia. Seremos perseguidos e injuriados por causa do seu Nome. Não estamos aqui para sermos amigos do mundo (do seu sistema), estamos aqui para dizer que um NOVO SISTEMA (UM NOVO REINO VEM). Estamos aqui para nos posicionarmos por Cristo e pelo Evangelho, e isso nos fará INIMIGOS desse mundo. Mas o nosso galardão (prêmio) está sendo preparado nos céus.
13 Vós sois o sal da terra; e se o sal for insípido, com que se há de salgar? Para nada mais presta senão para se lançar fora, e ser pisado pelos homens.
Se não dermos sabor a este mundo e não causarmos SEDE DE JESUS nas pessoas, por onde passarmos, então não serviremos para os propósitos de Deus e seu Reino.
14 Vós sois a luz do mundo; não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte;
15 Nem se acende a candeia e se coloca debaixo do alqueire, mas no velador, e dá luz a todos que estão na casa.
16 Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus.
Assim como Jesus é a luz da humanidade, nós também fomos designados a sermos pequenos cristos e luz do mundo. Precisamos brilhar a luz de Cristo por onde formos. No entanto, a maior reflexão aqui é que a luz brilha sem esforço, brilha porque é da natureza dela, assim nós, se realmente formos de Cristo, não haverá maneira de esconder a nossa luz.
17 Não cuideis que vim destruir a lei ou os profetas: não vim abrogar, mas cumprir.
18 Porque em verdade vos digo que, até que o céu e a terra passem, nem um jota ou um til jamais passará da lei, sem que tudo seja cumprido.
19 Qualquer, pois, que violar um destes mandamentos, por menor que seja, e assim ensinar aos homens, será chamado o menor no reino dos céus; aquele, porém, que os cumprir e ensinar será chamado grande no reino dos céus.
20 Porque vos digo que, se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no reino dos céus.
Jesus diz que veio para dar pleno significado e cumprimento às Escrituras do Antigo Testamento, especialmente em relação à sua pessoa e obra redentora. Ao contrário do que muitos simpatizantes da doutrina herege da HIPER GRAÇA, que prega que Jesus veio ABOLIR A LEI DE MOÍSES, aqui ele deixa claro que ele veio cumpri-la.
É fato que Jesus traz uma Nova Aliança, mas quando a estudamos vemos que ela é uma releitura mais profunda da própria lei de Moises. (Faremos esse estudo em breve, mas você pode notar essa releitura nos trechos que se seguem).
Jesus enfatiza a permanência e a autoridade da lei, afirmando que nem mesmo o menor detalhe dela será abolido até que tudo seja cumprido. Isso mostra a importância da lei como uma expressão da vontade de Deus e a necessidade de obedecê-la.
Ele desafia seus ouvintes a ter uma justiça que exceda a dos escribas e fariseus. Isso sugere que a justiça que agrada a Deus não é apenas externa, mas também interna, baseada em uma relação correta com Deus e com os outros. Se não vivermos a JUSTIÇA verdadeiramente não entraremos no Reino.
21 Ouvistes que foi dito aos antigos: Não matarás; mas qualquer que matar será réu de juízo.
22 Eu, porém, vos digo que qualquer que, sem motivo, se encolerizar contra seu irmão, será réu de juízo; e qualquer que disser a seu irmão: Raca, será réu do sinédrio; e qualquer que lhe disser: Louco, será réu do fogo do inferno.
Aqui começamos a ver Jesus reformulando a seu modo a LEI de Moisés.
Perceba como a GRAÇA com que Jesus nos perdoa e salva não nos exime de vivermos de MODO SANTO e a RÉGUA DE JESUS é muito mais dura do que a de Moisés, já que na Lei mosaica a pessoa só iria a juízo se matasse fisicamente alguém, mas na lei de Jesus, se tão somente nos irarmos contra o nosso irmão, já seremos julgados.
A palavra "raca" nesse contexto é uma expressão aramaica que significa "vazio" ou "vazio de valor". É uma forma de insulto ou desprezo, usado para menosprezar ou desvalorizar alguém. Jesus está ensinando que usar palavras depreciativas e insultuosas contra o próximo é equivalente a cometer um crime grave, sujeito a juízo e punição.
23 Portanto, se trouxeres a tua oferta ao altar, e aí te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti,
24 Deixa ali diante do altar a tua oferta, e vai reconciliar-te primeiro com teu irmão e, depois, vem e apresenta a tua oferta.
Mais uma vez a régua de Jesus sobe em relação a lei mosaica que apenas cobrava a prática das ofertas e sacrifícios, mas Jesus diz que se no nosso coração tiver pendencias com alguém, nossa oferta não será aceita. Portanto, além de ofertar, precisamos estar com o coração limpo.
25 Concilia-te depressa com o teu adversário, enquanto estás no caminho com ele, para que não aconteça que o adversário te entregue ao juiz, e o juiz te entregue ao oficial, e te encerrem na prisão.
26 Em verdade te digo que de maneira nenhuma sairás dali enquanto não pagares o último ceitil.
Jesus não nos exime de pagar na lei dos homens, na justiça dessa terra, pelos nossos erros, se assim for necessário.
27 Ouvistes que foi dito aos antigos: Não cometerás adultério.
28 Eu, porém, vos digo, que qualquer que atentar numa mulher para a cobiçar, já em seu coração cometeu adultério com ela.
29 Portanto, se o teu olho direito te escandalizar, arranca-o e atira-o para longe de ti; pois te é melhor que se perca um dos teus membros do que seja todo o teu corpo lançado no inferno.
30 E, se a tua mão direita te escandalizar, corta-a e atira-a para longe de ti, porque te é melhor que um dos teus membros se perca do que seja todo o teu corpo lançado no inferno.
Na lei de Moisés, o adultério era punido rigidamente através do apedrejamento, desde que houvesse provas de flagrante ou testemunhas. Mas Jesus diz que se apenas olharmos com cobiça e desejo para outra pessoa que não for o nosso cônjuge, já estamos em adultério perante Deus e isso será cobrado de nós. Mais uma vez fica claro que a GRAÇA de Cristo não nos exime de uma vida santa e a Nova Aliança não anulou a lei, mas a aperfeiçoou.
31 Também foi dito: Qualquer que deixar sua mulher, dê-lhe carta de divórcio.
32 Eu, porém, vos digo que qualquer que repudiar sua mulher, a não ser por causa de fornicação, faz que ela cometa adultério, e qualquer que casar com a repudiada comete adultério.
Aqui Jesus está colocando muitos limites nas questões sobre casamento, pois os judeus davam cartas de divórcio por qualquer motivo, desde os mais banais. Dessa forma ele deixa claro que Moisés tolerou esse tipo de divórcio, mas que Ele não tolerará. Casamento é uma aliança séria e precisa ser tratado como tal.
33 Outrossim, ouvistes que foi dito aos antigos: Não perjurarás, mas cumprirás os teus juramentos ao Senhor.
34 Eu, porém, vos digo que de maneira nenhuma jureis; nem pelo céu, porque é o trono de Deus;
35 Nem pela terra, porque é o escabelo de seus pés; nem por Jerusalém, porque é a cidade do grande Rei;
36 Nem jurarás pela tua cabeça, porque não podes tornar um cabelo branco ou preto.
37 Seja, porém, o vosso falar: Sim, sim; Não, não; porque o que passa disto é de procedência maligna.
Neste trecho, Jesus aborda a questão dos juramentos e do falar verdadeiro. Ele começa reiterando o mandamento antigo de não perjurar, ou seja, não fazer juramentos falsos, mas cumprir os juramentos feitos ao Senhor. No entanto, Jesus vai além, ensinando que seus seguidores não devem jurar de forma alguma, nem pelo céu, pela terra, por Jerusalém ou pela própria cabeça, pois tudo isso pertence a Deus e está além do controle humano.
Essa instrução de Jesus não significa que é errado fazer juramentos em todas as circunstâncias, mas sim que a verdadeira integridade e sinceridade devem ser características constantes do caráter cristão. Em vez de recorrer a juramentos para garantir a veracidade de suas palavras, os discípulos de Jesus devem ser conhecidos por sua honestidade e confiabilidade. O ensinamento de Jesus reflete a importância da sinceridade e da confiança mútua nas relações interpessoais, destacando que qualquer outra atitude é considerada maligna.
38 Ouvistes que foi dito: Olho por olho, e dente por dente.
39 Eu, porém, vos digo que não resistais ao mau; mas, se qualquer te bater na face direita, oferece-lhe também a outra;
40 E, ao que quiser pleitear contigo, e tirar-te a túnica, larga-lhe também a capa;
41 E, se qualquer te obrigar a caminhar uma milha, vai com ele duas.
42 Dá a quem te pedir, e não te desvies daquele que quiser que lhe emprestes.
"Olho por olho, dente por dente" era uma medida de justiça restritiva usada para limitar a vingança desmedida. Jesus propõe uma abordagem radicalmente diferente, instruindo seus seguidores a não resistirem ao mal com violência ou vingança, mas a responderem com amor e generosidade.
Essa instrução vai contra a lógica humana natural de retaliar quando somos agredidos ou prejudicados. Jesus ensina que seus seguidores devem estar dispostos a sofrer injustiças e a sacrificar seus próprios interesses em prol do amor e da reconciliação. Ao oferecer a outra face, entregar a capa e caminhar uma milha extra, Jesus está ensinando princípios de não resistência ao mal e de amor aos inimigos, mas acima de tudo a sermos INTELIGÊNTES E LIVRES ao ponto de darmos muito mais do que nos é exigido, a ponto de confundir nossos inimigos.
Esses ensinamentos refletem o amor incondicional de Deus e a chamada dos cristãos para imitarem esse amor em suas vidas. Esses princípios desafiam as normas sociais e culturais da época e continuam a desafiar os seguidores de Jesus hoje a viverem de maneira contracultural, guiados pelo amor e pela graça.
43 Ouvistes que foi dito: Amarás o teu próximo, e odiarás o teu inimigo.
44 Eu, porém, vos digo: Amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam, e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem; para que sejais filhos do vosso Pai que está nos céus;
45 Porque faz que o seu sol se levante sobre maus e bons, e a chuva desça sobre justos e injustos.
Querida(o) Spark, olha a seriedade dessa fala de Jesus. Ele deixa muito claro que se não formo capazes de amar, bem dizer e orar pelos nossos inimigos então não é possível sermos considerados filhos de Deus.
Talvez sejam as coisas mais difíceis de fazermos mas essas são as principais características dos filhos de Deus, se assim quisermos ser, precisamos adquiri-las.
46 Pois, se amardes os que vos amam, que galardão tereis? Não fazem os publicanos também o mesmo?
47 E, se saudardes unicamente os vossos irmãos, que fazeis de mais? Não fazem os publicanos também assim?
48 Sede vós pois perfeitos, como é perfeito o vosso Pai que está nos céus.
Lembrando que a palavra usada para amor, aqui no texto é a palavra Ágape, que é o amor sacrificial, incondicional e inabalável e desinteressado. É o amor nos padrões de Deus. Porém, muitas vezes confundimos esse AMOR com sentimento de AFEIÇÃO. Esse é um equívoco muito comum e que dificulta muito nosso entendimento do que realmente Deus espera de nós. Então vamos entender melhor: Deus não espera que tenhamos sentimentos de AFEIÇÃO por quem nos machuca, mas que tenhamos o coração disposto
a fazer o BEM por essas pessoas. Amar, nos padrões de Deus é praticar boas ações, pelo bem das pessoas, independente das circunstâncias.
CONCLUSÃO:
O capítulo 5 destaca a centralidade da lei de Deus e a necessidade de vivê-la de forma genuína, não apenas externamente. Jesus enfatiza a importância da justiça interior, do perdão e da amorosidade.
As bem-aventuranças mostram o tipo de caráter que é valorizado no Reino de Deus, contrastando com os valores do mundo.
Ual!!! Que mergulho!
Você gostou desse estudo? Espero que sim. Me conta aqui nos comentários, ta bom?
E até o próximo.
Um beijo e um cheiro!
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